Irão denuncia plano dos EUA e Israel para derrubar o regime e instalar ‘governo-fantoche’

O Ministério da Informação iraniano acusou, esta segunda-feira, os Estados Unidos e Israel de terem tentado derrubar o regime de Teerão e instalar um governo liderado por Reza Pahlavi, filho do último xá iraniano, atualmente exilado.

Pedro Gonçalves
Julho 29, 2025
11:24

O Ministério da Informação iraniano acusou, esta segunda-feira, os Estados Unidos e Israel de terem tentado derrubar o regime de Teerão e instalar um governo liderado por Reza Pahlavi, filho do último xá iraniano, atualmente exilado. A alegada conspiração, descrita como uma “guerra premeditada e multifacetada”, terá ocorrido em junho e coincidido com ataques aéreos israelitas e norte-americanos contra instalações nucleares do Irão, segundo avançou a agência semi-oficial iraniana Tasnim.

O plano, de acordo com as autoridades iranianas, previa a infiltração de forças armadas na capital e a ativação de células internas ligadas a grupos separatistas e extremistas, incluindo elementos associados ao Estado Islâmico. Armas de fabrico norte-americano, explosivos e lança-foguetes foram alegadamente apreendidos junto às fronteiras iranianas. “O regime sionista coordenou esta operação com grupos separatistas, promovendo distúrbios internos sob disfarce de movimentos civis e religiosos”, referiu o ministério iraniano.

A tensão surge poucas semanas após a conclusão de uma ofensiva militar de 12 dias entre Israel e o Irão, em que foram atingidos múltiplos alvos estratégicos no território iraniano. Apesar do cessar-fogo promovido pelo presidente norte-americano Donald Trump, a retórica entre as partes permanece hostil. Teerão reivindica ter resistido à ofensiva, enquanto os Estados Unidos e Israel garantem que os bombardeamentos causaram danos duradouros à infraestrutura nuclear iraniana.

A ofensiva, segundo as autoridades iranianas, visava não apenas as capacidades militares e tecnológicas do país, mas também a criação de um clima propício à mudança de regime. “Esta guerra envolveu negociações enganosas, resoluções ilegais da AIEA, propaganda mediática, e operações secretas conduzidas pelo Pentágono e empresas com ligações sionistas, com recurso a satélites e tecnologias cibernéticas avançadas”, denunciou o Ministério da Informação, citado pela Tasnim.

Teerão confirmou ainda a detenção de dezenas de suspeitos de envolvimento na alegada conspiração, acusados de operar sob coberturas religiosas ou associativas. Entre os detidos estarão, segundo a imprensa israelita, pelo menos 35 judeus acusados de espionagem, incluindo dois cidadãos norte-americanos. A vaga de detenções insere-se num reforço das operações contra o que o regime designa como “agentes do Mossad” e espiões ocidentais.

Durante os bombardeamentos israelitas, o líder supremo do Irão, ayatollah Ali Khamenei, terá evitado um possível assassinato ao refugiar-se num bunker subterrâneo altamente fortificado. “Se estivesse ao nosso alcance, teríamos eliminado Khamenei. Ele percebeu isso e cortou todas as comunicações com os seus comandantes”, afirmou o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, citado por órgãos de comunicação israelitas.

Reza Pahlavi, filho do xá deposto em 1979 pela Revolução Islâmica, tem vivido nos Estados Unidos e tem-se posicionado como defensor de uma transição pacífica para a democracia no Irão. Apesar das suas ambições, o seu apoio interno permanece limitado. Ainda assim, o regime iraniano insiste que os EUA e Israel procuraram utilizá-lo como figura simbólica de um novo governo pró-Ocidente. “O objectivo era instalar um governo fantoche liderado por um herdeiro desacreditado e manipulado por operacionais sionistas”, acusou o ministério.

Na rede Truth Social, o presidente Donald Trump comentou em junho que “não é politicamente correcto usar a expressão ‘mudança de regime’, mas se o regime atual não consegue VOLTAR A TORNAR O IRÃO GRANDE, porque não haveria uma mudança de regime? MIGA!!!”, numa alusão ao seu slogan original.

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